quinta-feira, 30 de maio de 2019

Bica - Travessa do Cabral

Norberto de Araújo escreve que a travessa herdou o nome do bacharel Manuel Rodrigues Cabral, que nasceu no final do século XVI e morreu em 1632. O olisipógrafo deixa-nos a seguinte nota curiosa nas suas Peregrinações: “ (…) Nota apenas no nº 35, no prédio da esquina nascente do Rua da Bica Duarte Belo, esse curioso pórtico nobre, que faz hoje a porta de uma loja de barbeiro; nenhum de nós pode afirmar, mas pode admitir, que foi aqui o solar de Rodrigues Cabral. (…)» (ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. XII, p. 68)

Bairro Alto - Rua das Gáveas

A Rua das Gáveas que une a Praça Luís de Camões à Travessa da Queimada é dos primeiros arruamentos do Bairro Alto de há 500 anos e, o seu nome guarda as memórias dos homens ligados ao mar que para ali vieram morar.

O olisipógrafo Norberto de Araújo, nas suas Peregrinações em Lisboa (vol.VI) afirma que «As Ruas das Gáveas e do Norte, que vão da Queimada ao Camões, foram as primeiras a ser rasgadas na velha Herdade dos Andrades, no século XVI. Uma deverá seu nome a qualquer particularidade ligada à vida do mar, pois foram os marítimos da Ribeira das Naus os primeiros a subirem da Boa Vista às terras dos Alteros; a segunda seria “do Norte” pela sua orientação – ainda uma reminiscência do mar». Também o Sumário de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, publicado em 1554, menciona a Rua da Rosa, a Rua da Atalaia, a Rua dos Calafates, a Rua da Gávea, a Rua do Norte e São Roque.


Bica - Travessa da Portuguesa

Esta artéria da Freguesia da Misericórdia que liga a Rua das Chagas à Rua Marechal Saldanha, em pleno Bairro da Bica e, tal como as paralelas Travessas do Cabral, da Laranjeira e do Sequeiro, corta transversalmente o bairro.

Sobre a origem deste topónimo pouco se sabe. Na obra Lisboa na 2ª metade do Século XVIII (plantas e descrições das suas freguesias) vemos mencionada a «rua da Portugueza» para o ano de 1755 e, após a remodelação paroquial de 1780, já a mesma artéria surge como «rua dos Portuguezes».

No séc. XIX aparece sempre já referenciada como Travessa da Portuguesa, quer no Atlas da Carta Topográfica de Lisboa de Filipe Folque (de 1856), quer em diversos pareceres camarários de 1874 para execução de escadaria empedrada à portuguesa neste arruamento que, aliás, foi aprovada em sessão de Câmara de 9 de novembro de 1874.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Bairro Alto - Rua da Rosa

Dávamos alguma coisa para saber — questiona-se Norberto Araújo — quem foi ao certo a senhora Rosa das Partilhas. E que partilhas foram aquelas. Só nos chegou que encheu o bairro de demandas bulhentas, e que esta rua, na qual certamente a senhora Rosa morou e morreu de velha, nunca deixou de ser Rua da Rosa, «da Rosa das Partilhas» no final de quinhentos.

É a mais comprida artéria do Bairro Alto, única que o corta de ponta a ponta.Seria a «rua dereyta» — se fosse torta e possuísse o pitoresco estendal da sua irmã paralela, a da Atalaia.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Bairro Alto - Travessa do Poço da Cidade

A Travessa do Poço da Cidade, hoje pertença da Freguesia da Misericórdia, foi uma das moradas da lisboeta Severa, em 1844 ou em 1845, residindo então com a sua mãe, de acordo com o olisipógrafo Luís Pastor de Macedo.

Júlio de Castilho sugeriu que o topónimo se devia a um poço público desta artéria, então já no interior de um prédio privado, no que é secundado por Norberto de Araújo ao defender a existência de diversos poços públicos e particulares neste arruamento. Em 1844, na edição de 12 de setembro, a Revista Universal Lisbonense a propósito do abastecimento de água na cidade menciona que «Temos o grande poço que ainda hoje dá o nome a uma travessa notável, a do Poço da Cidade. Este poço, situado na esquina da Rua da Atalaia, na propriedade nº 33, abasteceu em tempos antigos aquelle districto, e ha poucos annos, que em igual escassèz concorriam alli grande numero de carroças, a que o senhorio, ou inquilinos facilitaram a agua, que nunca diminuiu.»

Bairro Alto - Alto do Longo - parteII

O «ALTO DO LONGO» chamado em tempos recuados do "Presépio da humanidade e pobreza", formando uma curva esta pequena travessa de dois metros com casas pequenas, de um certo ambiente pitoresco tolerável.

Esta artéria é analisada "burlescamente" pelo mestre "JÚLIO DE CASTILHO" no seu livro «LISBOA ANTIGA - O BAIRRO ALTO" - volume III, pág. 272. «Esse "ALTO DO LONGO", de nefasta memória, foi até há trinta anos uma "COUR DES MIRACLES", medonha pela qualidade dos frequentadores habituais dos dois sexos. Em sessão da Câmara de 13 de Dezembro de 1860 o vereador «VAZ RANS» leu o auto da vistoria feita em 30 de Novembro ao "ALTO DO LONGO", reconhecendo todos a necessidade de demolir aquelas baiucas indecentes. Desde então penetrou ar, luz, e polícia nessa paragem nefasta. Ainda bem! Aquilo não era LISBOA ANTIGA; era LISBOA imunda.

Hoje, completamente diferente do que era, podemos ainda ver o chafariz de 1937 e este graffiti de Zela.

Bairro Alto - Alto do Longo

A aldeia do Alto do Longo do Bairro Alto

O Alto do Longo fica no Bairro Alto, no cimo da Rua de O Século, e é um topónimo anterior ao terramoto, derivado de um morador local, talvez familiar de Alexandre Herculano (quarto avô materno de Alexandre Herculano, João Francisco de seu nome e homem de alta estatura com a alcunha de Longuo, que ali viveu 2ª metade do séc. XVII, tendo falecido em 1669), que perpetua uma espécie de aldeia dentro da cidade, embora nos dias de hoje se configure quase como uma espécie de condomínio fechado.

O Alto do Longo estende-se entre a Rua de O Século e a Travessa do Conde de Soure, na freguesia da Misericórdia. Segundo Norberto de Araújo é anterior ao terramoto de 1755 e existem referências de que nos séculos XVI e XVII era ocupado por quintas e casas de cariz rural.

Bairro Alto - Rua Nova do Loureiro

Rua Nova do Loureiro, na Freguesia da Misericórdia, assim designada pelo Edital do Governo Civil de Lisboa de 05/08/1867 e que até aí se denominava Rua do Loureiro, denotando as raízes rurais dos local onde também pontificam a Rua da Vinha e a Calçada do Cabra.

Bairro Alto - Calçada do Tejolo (ou Tijolo)

25-09-2019

28-03-2019

Bica - Travessa do Sequeiro

Este arruamento que se estende da Rua das Chagas à Rua Marechal Saldanha e com escadinhas que facilitam a circulação após o aluimento do Alto das Chagas ocorrido em 1597, já aparece referenciado na freguesia de Santa Catarina nas plantas da remodelação paroquial aprovada em 1780.

Dados os topónimos agrícolas na zona é provável que a origem deste perpetue a memória do local já que nas descrições anteriores ao terramoto aparece o sítio do Sequeiro das Chagas e quase no seguimento desta Travessa existiu uma Travessa do Sequeiro das Chagas que por Edital municipal de 20/08/1926 passou a denominar-se Travessa de Guilherme Cossoul.

Bica - Rua do Sol a Santa Catarina

Rua do Sol a Santa Catarina (freguesia da Misericórdia), que vai da Travessa de Santa Catarina à Rua de João Brás, já assim devia ser conhecida como tal (só conseguiu oficialmente o acrescento da localização na década de 50 do século XX, a partir de pareceres da Comissão Municipal de Toponímia em 09/06/1952) porque o prospeto de 25 de janeiro de 1859 do prédio que José Esteves Alves quis aumentar, nos n.º 66 e 67 desta serventia, já a denominava Rua do Sol a Santa Catarina. Pela documentação municipal sabemos ainda que em 1897 esta artéria foi sujeita a um alinhamento e obras no pavimento, de acordo com planta de Augusto César dos Santos e António Maria Avelar.

daqui:

https://toponimialisboa.wordpress.com/2016/09/01/ruas-do-sol/


domingo, 26 de maio de 2019

Alfama - Rua de São Mamede

Esta rua oferece-nos uma deslumbrante cor lilás que ali podemos observar, são as jacarandás.

De origem brasileira entraram em Portugal por opção do Jardim Botânico por causa da sua beleza e características particulares. Elas anunciam a primavera e o verão, e quando as folhas caem deixam um manto roxo que passou a ser conhecido por Purple Rain — como a música de Prince.

Há uns contras com esta árvore, o ter piolhos e quando a flor começa a cair, torna os pavimentos muito sujos e com um cheiro eventualmente desagradável, para além do facto de ficarem como uma espécie de cola que se agarra às solas dos sapatos.

Se não há 'quitoso' que lhes acabe com o piolho, há que saber viver com elas pois não há dúvida que são lindas e alegram as ruas da cidade de Lisboa.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Mouraria - Escadinhas de São Cristóvão

As Escadinhas de São Cristóvão – que ligam a Rua de São Cristóvão à Rua da Madalena – são um topónimo gerado pela proximidade à Igreja de São Cristóvão que lhe fica no topo, tal como aconteceu com a Rua e o Largo de São Cristóvão.

A primitiva igreja seria moçárabe, de finais do século XII, designada como Igreja de Santa Maria de Alcamim. Depois o templo passou para a invocação de São Cristóvão, talvez após um incêndio ocorrido no reinado de D. Manuel I e a sua reedificação, mas seguramente já assim era em 1551, já que Cristóvão Rodrigues de Oliveira no seu Sumário de Lisboa de 1551 regista a Freguesia de São Cristóvão e sobre a sua Igreja menciona que tem um prior e cinco beneficiados, rendendo 225 cruzados e cada benefício tem 80 cruzados. A igreja foi também restaurada entre 1610 e 1672, sendo das poucas da área central de Lisboa a resistir ao terramoto de 1755.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Bairro Alto - Rua da Atalaia

«Entremos, enfim, na artéria representativa, plebeia e nobre a um tempo, hoje simplesmente popular, do Bairro Alto: a Rua da Atalaia; onde ainda o pitoresco do sítio, no semblante dos edifícios, nos prediozinhos côr de rosa, de ressalto e empena de bico, nos velhos palácios adormecidos sem fidalgos, com a sua nota de poesia e côr nos canteiros floridos das sacadas, com o seu tumulto, os seus pregões, e as suas tavernas e botequins.

A Rua da Atalaia aparece com esta denominação já em 1551 e, também em 1554, no Sumário de Cristóvão Rodrigues de Oliveira. Pastor de Macedo cita sobre este topónimo Gomes de Brito. Assento pois como certo que ali, no sítio mais elevado do campo atalaia é uma palavra de origem árabe que significa lugar alto ou sentinela que é hoje o bairro de S. Roque, e com vista para a cidade, para o lado de Santos, e para o Tejo, se erguia uma atalaia de castelhanos, na época da eleição do Mestre de Avis e que daí se trocavam sinais e avisos, para concluir que nada encontrámos que abonasse aquela opinião ou que nos levasse a admiti-la e que outrossim nada vimos que nos habilitasse a filiarmos a origem do nome da rua noutra circunstância.

Bairro Alto - Rua dos Mouros

(onde os mouros eram ciganos)

Embora se possa presumir que esta via pública já existisse nos meados do século XVI, Cristóvão Rodrigues de Oliveira não a menciona, pelo menos com o nome que chegou até aos nossos dias. Este, no documento mais antigo que aparece, visto por nós, é num obituário de 1622.

Os mouros que emprestaram o nome à artéria foram os ciganos que por lá moravam, e eram muitos, conforme se vê nos primeiros livros paroquiais da antiga freguesia do Loreto.

(Luís Pastor de Macedo "Lisboa de Lés-a-Lés")

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Graça - Rua Natália Correia - mural

Natália de Oliveira Correia(Fajã de Baixo, São Miguel, 13 de Setembro de 1923 — Lisboa, 16 de Março de 1993) foi uma escritora e poetisa portuguesa, nascida no arquipélago dos Açores.