quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Graça - Caracol da Graça - Mural

MULHER

Um aroma suave
exalou das mãos do Criador,
quando seus olhos contemplaram
a solidão do homem no Jardim!
Foi assim:
o Senhor desenhou
o ser gracioso, meigo e forte,
que Sua imaginação perfeita produziu.
Um novo milagre:
fez-se carne,
fez-se bela,
fez-se amor,
fez-se na verdade como Ele quer!
O homem colheu a flor,
beijou-a, com ternura,
chamando-a, simplesmente,
Mulher!


Ivone Boechat

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Alfama - Rua da Judiaria

"A Rua da Judiaria regista a existência neste local da Judiaria «Pequena» ou Judiaria de Alfama, que se começou a formar no séc. XIII com a afluência de gente vinda da Judiaria Velha, e até de estrangeiros, confinando-se a este arruamento e à sua envolvente.

A Judiaria de Alfama foi integrada como bairro segundo o modelo administrativo então aplicado às minorias étnicas, com representantes próprios junto das instâncias judiciais e, a obrigação dos moradores saírem da cidade cristã e recolherem à Judiaria ao toque das ave-marias. A sua sinagoga foi construída em 1373 no arruamento hoje designado Rua da Judiaria e, sem autorização régia.
Com a extinção das Judiarias decretada por D. Manuel foi a ordem também consumada nesta Judiaria em 1496, sendo o território integrado administrativamente nas então freguesias de S. Pedro e de S. Miguel."


Nela está uma fonte (sem pinga de água) e uma placa com este poema de António Botto (1897-1959).


A fonte que me falou (na placa: 'Fonte do Poeta')

Nesta fonte que fala na surdina
De qualquer coisa que eu não sei ouvir,
Matei, agora mesmo, a minha sede
E sentei-me ao pé dela a descansar.

Não havia no ar mais do que a luz
Finíssima da tarde num adeus!…
Uma luz moribunda e solitária
A despedir-se frágil pelos céus!

E à medida que a luz se diluía
Nas sombras que nasciam lentamente
A fonte no silêncio mais se ouvia,
Mais límpida, mais pura e mais presente.

Anoiteceu. Ninguém. Só a voz dela,
Só essa voz!… — Ao longe, num desmaio
O timbre vivo e pálido de um grito.
Levantei-me. Deixei-a. Tristemente
Acendeu-se uma estrela no infinito!

Alfama - Rua do Salvador

Esta rua, muito concorrida e de grande importância há quatro séculos, ligava as portas do Castelo de São Jorge à Baixa. A circulação de bens e pessoas na cidade foram-se agravando com o tempo, originando acidentes diversos (sendo os atropelamentos os mais graves) e motivando frequentes discussões entre os condutores de coches e liteiras, sobretudo nas artérias mais concorridas e (ou) mais difíceis.

Com o intuito de resolver ou, no mínimo, minorar alguns desses problemas, a Coroa e o Senado criaram regras de trânsito e afixaram sinais ou placas de sinalização nas ruas mais problemáticas da época, subsistindo uma dessas placas num edifício da Rua do Salvador (Alfama). Datada de 1686, regulava a prioridade de passagem dos veículos, estipulando o seguinte: «Sua Magestade ordena que os coches, seges e liteiras que vierem da portaria do Salvador recuem para a mesma parte». Ou seja, quem viesse de cima perdia a prioridade em relação a quem subisse.

daqui:
https://lisboadeantigamente.blogspot.com/2016/02/rua-do-salvador.html