"A Rua da Judiaria regista a existência neste local da Judiaria «Pequena» ou Judiaria de Alfama, que se começou a formar no séc. XIII com a afluência de gente vinda da Judiaria Velha, e até de estrangeiros, confinando-se a este arruamento e à sua envolvente.
A Judiaria de Alfama foi integrada como bairro segundo o modelo administrativo então aplicado às minorias étnicas, com representantes próprios junto das instâncias judiciais e, a obrigação dos moradores saírem da cidade cristã e recolherem à Judiaria ao toque das ave-marias. A sua sinagoga foi construída em 1373 no arruamento hoje designado Rua da Judiaria e, sem autorização régia.
Com a extinção das Judiarias decretada por D. Manuel foi a ordem também consumada nesta Judiaria em 1496, sendo o território integrado administrativamente nas então freguesias de S. Pedro e de S. Miguel."
Nela está uma fonte (sem pinga de água) e uma placa com este poema de António Botto (1897-1959).
A fonte que me falou (na placa: 'Fonte do Poeta')
Nesta fonte que fala na surdina
De qualquer coisa que eu não sei ouvir,
Matei, agora mesmo, a minha sede
E sentei-me ao pé dela a descansar.
Não havia no ar mais do que a luz
Finíssima da tarde num adeus!…
Uma luz moribunda e solitária
A despedir-se frágil pelos céus!
E à medida que a luz se diluía
Nas sombras que nasciam lentamente
A fonte no silêncio mais se ouvia,
Mais límpida, mais pura e mais presente.
Anoiteceu. Ninguém. Só a voz dela,
Só essa voz!… — Ao longe, num desmaio
O timbre vivo e pálido de um grito.
Levantei-me. Deixei-a. Tristemente
Acendeu-se uma estrela no infinito!
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